A matemática do poema

A exibição conjunta no festival Ecrã de Telemundo (2018), filme dirigido pelo septuagenário artista norte-americano James Benning e co-escrito com a jovem atriz e cineasta argentina Sofía Brito, e de 中孚 61. A Verdade Interior (2019), filme-ensaio elaborado por Brito durante o processo de colaboração entre os dois, é uma oportunidade e tanto de imaginar o que pode significar um encontro em cinema. Em Telemundo, Sofía e James estão em cena, durante noventa minutos, em frente a uma televisão ligada no canal hispânico Telemundo, que… CONTINUA

Conversa ao redor de uma nova cinefilia| Parte 3 – Autorias e políticas

Terceira de quatro partes da conversa da redação da Cinética a partir do texto “Por uma nova cinefilia”, de Girish Shambu. A conversa ocorreu em modo anônimo, via documento compartilhado online, entre 24/03 e 08/04 de 2020. Participaram Calac Nogueira, Fabian Cantieri, Francisco Miguez, Hannah Serrat, Ingá, Julia Noá, Juliano Gomes, Maria Trika, Pablo Gonçalo, Raul Arthuso e Victor Guimarães. A edição do material bruto foi realizada por Calac Nogueira, Ingá, Juliano Gomes e Victor Guimarães. Parte 1 -Binarismos e cisões Parte 2 – O… CONTINUA

Primavera, verão, outono e inverno

James Benning tem proposto a cada novo projeto um conceito simples e explícito, cuja execução desconcerta por sua literalidade. Os quatro planos em que consiste Readers, seu filme exibido este ano no Festival Ecrã, mostram sempre uma única pessoa lendo um livro, em casa, parada em silêncio, durante cerca de meia hora cada um, filmados de um ponto de vista fixo. Um trecho de cada livro é exibido em uma cartela logo depois de cada plano. E é só. A proposição conceitual do filme é,… CONTINUA

Berlinale 2019 e suas despedidas

A sexagésima nona edição do Festival de Berlim, ou Berlinale, como é geralmente conhecido, certamente será marcada por um instante de inflexão na sua história. Após dezoito anos no centro dos holofotes da curadoria, Dieter Kosslick anunciou a sua despedida. Ficará à sombra e deixará de lado o chapéu, o cachecol vermelho e o bigode que legaram charme à sua marca visual. Como ocorre na maioria dos festivais de cinema de renome internacional – vide Cannes e Veneza – as direções artísticas são longevas e… CONTINUA

As transformações silenciosas

O díptico Equinócio de Primavera e Equinócio de Outono, exibido no Festival Ecrã, no Rio de Janeiro, introduz um novo tipo de estrutura na obra de James Benning. Quatro parâmetros geográficos são definidos para cada um dos seus planos de longa duração, mostrados na forma de cartelas: o horário, a temperatura, a altitude e a quilometragem de cada plano. Os filmes foram construídos no caminho de uma única estrada em Sierra Nevada, Califórnia, respectivamente no primeiro dia da primavera e no primeiro dia do outono.… CONTINUA

Taxidermia do tempo

Nem um trajeto linear de uma visita a pé, nem mesmo um jogo de associações diretas. A dramaturgia do conjunto dos cinqüenta e quatro planos e setenta e sete minutos do filme História Natural (Natural History), de James Benning (EUA,2013) é justamente sugerir relações variadas entre as imagens através das durações. Ligações de sentido, para dentro e para fora de cada plano. Visões que se sucedem sem vínculo evidente começam a construir um primeiro estranhamento pelo tempo. Algumas duram poucos segundos enquanto que outras se… CONTINUA