Conversa ao redor de uma nova cinefilia| Parte 1 – Binarismos e cisões

Primeira de quatro partes da conversa da redação da Cinética a partir do texto “Por uma nova cinefilia”, de Girish Shambu. A conversa ocorreu em modo anônimo, via documento compartilhado online, entre 24/03 e 08/04 de 2020. Participaram Calac Nogueira, Fabian Cantieri, Francisco Miguez, Hannah Serrat, Ingá, Julia Noá, Juliano Gomes, Maria Trika, Pablo Gonçalo, Raul Arthuso e Victor Guimarães. A edição do material bruto foi realizada por Calac Nogueira, Ingá, Juliano Gomes e Victor Guimarães. Parte 2 – Os filmes “problemáticos” Parte 3 –… CONTINUA

O fundo do ar entre duas carrocerias

Logo que a greve dos caminhoneiros, em maio de 2018, bloqueou inúmeras rodovias do país e se fez assunto incontornável – por efeito cascata, percebida no desabastecimento de produtos e nas filas de carro infindáveis por combustível –, muitos interrogaram sobre o locaute articulado pelas empresas distribuidoras, instrumentalizando os caminhoneiros como “massa de manobra” de intenções patronais na diminuição do preço combustível. Imbuída da postura crítica que “vê aquilo que está por trás das aparências”, essa versão deu a tônica para que setores do campo… CONTINUA

Monumento ao soldado desconhecido

Um prólogo, uma primeira imagem: o cineasta Jonas Mekas sob luz baixa, conta de sua infância em meio à guerra, quando ganhou sua primeira máquina fotográfica e foi até a estrada captar a chegada de tanques russos. Ele recorda da alegria do momento em que tira sua primeira foto, de sua boa chance. Um soldado russo então se aproxima, toma a câmera, arranca o filme e o pisoteia no chão. “Então, em algum lugar da Lituânia, camadas e camadas e camadas debaixo da superfície, está… CONTINUA

A cidade é um campo de batalha

Assim como em A Cidade é uma Só? (2011), de Adirley Queirós, Parque Oeste começa com mapas traçados de uma jovem cidade planejada. No primeiro, a cidade é Brasília; aqui, Goiânia. E, da narrativa de progresso e promessa, que esses filmes fazem seu contra plano. Nesses projetos de urbanismo das cidades, a “promessa modernizadora” haussmanniana expele para as bordas a população trabalhadora, através de mecanismos de especulação, encarecimento do centro e repressão, e assim ordenando o regime de visibilidade da cidade em sua geografia, cuja… CONTINUA

Tragédia viva em esqueleto oco

A noção de dispositivo na história recente do cinema virou uma espécie de conceito-coringa, jargão e palavrão, que serve tanto para assinalar estratégias de abordagem, estruturas narrativas, o uso repetido de algum recurso formal e assim por diante. Grosso modo, são as regras do jogo: são procedimentos que o filme estabelece de saída, aquilo que dispõe em cena de antemão, um disparador que aposta em seus desdobramentos, e mesmo na perda de seu controle, como uma arbitrariedade primeira que norteia um processo ainda imprevisível. No… CONTINUA

3xCaleidoscópio

O olhar através do caleidoscópio é o do fascínio pelo jogo infinito de formas mutáveis dentro de um brinquedo cuja simplicidade mecânica é o que lhe dá o elemento de mistério. É sob essa ótica do jogo de corpos, paisagens e dramaturgias oblíquas, sob soluções formais assertivas, que a Mostra Caleidoscópio, no 51º Festival de Brasília, nos instiga a colocar também o exercício crítico sobre esses filmes sob invenção, sob investigação. A mostra paralela inaugurada nesta edição do festival se apresenta citando Jairo Ferreira e… CONTINUA