A lógica da linha

Sob o desejo por um encantamento ensejado na artificiosa surpresa de nada saber de antemão – possível sobrevivente de um culto do mistério excitado e desviado de uma “vertente mística” do cinema –, ainda existem aqueles que escolhem não buscar ou estar abertos a qualquer informação prévia de um dado filme? Decerto que existem, e mais seguro ainda será a probabilidade de que este História de um Casamento, o mais recente Baumbach, surja-lhes como um desafio. Porque se para aqueles que chegarem à obra sabendo… CONTINUA

A mítica do olhar interno

Uma câmera à mão, o marca-passo de um ritmo respiratório – e o tempo suficiente para que a impressão de uma trepidante subjetiva levante “seus” olhos do nível do chão para deixar adentrar, no quadro, um desconhecido em trânsito de alto fôlego. A curvatura de intromissão de um estrangeiro, da subjeção ao intuitivo, saltando do pulmão ao acompanhamento que se fará sobretudo olhar, é, ainda naquele preâmbulo, uma instalação do anonimato em mais de um sentido. E se a câmera aprende a ceder espaço para… CONTINUA

História do olho

A mais recente embarcação de James Gray lembra: não somos ingênuos a pelo menos três dos rastros mais distintivos, e, portanto, também, mais reiterativos, escorregadios, da chamada ficção científica como tratada pelo cinema – e não simplesmente porque a certos gêneros a assinatura de seus traços é uma docilidade aos olhos: 1) fala-se de uma noção de cidade, de um espaço reflexivo diante das relações que ali se travam e/ou não mais se travam, 2) é perceptível um arranjo de técnicas constituintes dos limites de… CONTINUA