O abandono da política

Neblinas. Fumaças artificiais. O cinza das penumbras esticando-se por uma cidade. É no mínimo inquietante ver como essas imagens são similares, se repetem e se complementam em três obras aparentemente tão distantes como 300 Milhas, Alipato – a Brevíssima Vida de um Malandro e Penúmbria. Em formatos diversos, esses três filmes traduzem em cenas, ora documentais, ora ficcionais, realidades imediatas vividas por países como Síria, Filipinas e Portugal. Em comum, a falta de horizontes, certos flertes com a distopia, e uma maneira de olhar para… CONTINUA

Imagens contra a rua

Existem imagens que gritam. Existem outras, não menos fortes, estridentes, ou inquietantes que conotam silêncio, introspecção. Presentes numa mesma sessão, os curtas Nunca é Noite no Mapa (2016) e Na Missão, com Kadu (2016) possuem um precioso ponto em comum: em ambos a câmera em punho transforma-se num gesto de resistência possível. Mais do que isso: são filmes alinhados a movimentos sociais por reivindicações de moradia e resistência contra a gentrificação, como o Estelita, em Recife, e o Izidora, em Belo Horizonte. É pela câmera,… CONTINUA

A imagem interrompida e seu luto

Com um dispositivo bastante simples, Ignacio Agüero encontra a forma fílmica desses dois documentários. Vê-se um set de filmagem de um cineasta chileno. Ouve-se “corta”, desmonta-se o set e prepara-se, pragmaticamente, para a próxima sequência. Booms, câmera, conjuntos de três tabelas, sacos de areia e outros artefatos comuns aos sets; tudo desmonta-se, rearranja-se. Nesse exato instante, Ignacio surge no quadro, chama o diretor e faz uma pergunta bastante direta: “o que é o cinematográfico nesse teu filme?”. As respostas e as sentenças são as mais… CONTINUA