Maneirismo e catástrofe

Em uma nave montada de sucata, o viajante espacial solitário WA4, incumbido da missão de assassinar Juscelino Kubitschek no momento de inauguração da nova capital do país, descobre-se perdido no tempo. A nave despenca em Ceilândia, em 2016, durante o processo de golpe parlamentar que derrubaria a presidente Dilma Rousseff. O viajante de Era uma vez Brasília (Adirley Queirós, 2017) chegou atrasado, tarde demais para cumprir sua missão. Ele termina por se juntar ao movimento de resistência, que luta também uma guerra tardia, sob o… CONTINUA

Aqueles que marcham com a noite

Filme da entropia como Sistema, da Devastação como doxa, da irreconciliação terrorista, ou devaneio expressionante sobre a insônia assombrada por dêbacles de Reação, Os Sonâmbulos aposta na alegoria como talvez a forma que nos restou, em tempos infectados por enxames de fatos e de faits divers, para pensar arquétipos: esta é uma Grande Forma Épica, destinada à Fixação de Gestos iniciáticos e Movimentos irreversíveis, e se insere como a representação mais evidentemente teológica daquele enunciado épico que, a partir do século XIV, vai dar passagem,… CONTINUA

Ouvindo com olhos livres

O dicionário Houaiss registra, no sentido figurado, duas acepções para “caleidoscópio”: 1) “conjunto de objetos, cores, formas etc. que formam imagens em constante mutação”; 2) “sucessão vertiginosa, cambiante, de ações, sensações”. A palavra foi adotada em 2018 para nomear uma mostra paralela do 51o Festival de Brasília composta por cinco longas-metragens que, segundo texto do catálogo do evento (repetido diariamente por um apresentador antes de cada sessão), abriam espaço “para realizadores que se arriscam muito, em suas propostas absolutamente únicas e pessoais (seja no sentido… CONTINUA