Ensaio enquanto filme, traição enquanto método

Como nos filmes que aqui serão comentados, esse texto se fará assumindo o gesto de costura de diferentes retalhos e derivando pelas pistas que as coincidências abrem. Partimos de um dos últimos filmes de Eduardo Coutinho, Moscou (2008) para pensarmos a relação entre ensaio e cinema, chamando atenção menos ao ensaio enquanto gênero do que justamente enquanto processo de criação. O inacabamento primordial de Moscou nos parece uma base para analisarmos alguns pormenores que constituem, por exemplo, o longa Esse amor que nos consome, de… CONTINUA

O ar entre campos: as invenções do cinema de entrevista na última década

Por onde andou o cinema de entrevista brasileiro na última década? O que aconteceu depois da morte de Eduardo Coutinho em 2014? O que se deu depois que ele, que subiu um edifício dedicado a esse cinema, decidiu dinamitá-lo, em partes, nas vigas e colunas que o deixavam de pé, sobrando afinal as paredes esburacadas e bambas, bem ao seu gosto pelo imperfeito, o impuro, o momentâneo, o passageiro? A partir de Santo Forte (1999), Coutinho se dedicou a filmes estruturados pela sequência de personagens falando para… CONTINUA

No meio do caminho

Em uma entrevista de 2012 publicada no livro El Otro Cine de Eduardo Coutinho, o diretor de Moscou diz que a obra em questão “é um filme que deu errado, mas eu considero ao mesmo tempo que tem um mistério interessante”. Essa caracterização de Moscou como um fracasso acompanha o filme desde seu lançamento, assim como, em diversos artigos, as palavras-chaves “incompletude” ou “inacabamento” ou sua dificuldade se comparada à aparente frontalidade de sentidos de seus filmes ao longo dos anos 2000. Passada quase uma… CONTINUA