Das formas de invenção do amor

A capacidade de emprestar presença a fantasmas e projeções é uma característica comum entre o discurso cinematográfico e o sentimento amoroso, e nos últimos dias as telas de Cannes estiveram especialmente povoadas por histórias ao redor dessas “encarnações”. Na competição, por exemplo, dois filmes asiáticos vieram propor olhares distintos sobre uma juventude “desencantada” e sua necessidade de tentar completar alguns de seus vazios através da projeção do desejo do amor em personagens que surgem repentinamente em suas vidas. No coreano Burning, novo filme de Lee… CONTINUA

Das superfícies

Existe um paradoxo essencial no cinema de Olivier Assayas, uma dialética entre o aparente e o alegórico que encontra nos elementos culturais e na gama referencial de filmes como Espionagem na Rede (Demonlover, 2002), Traição em Hong-Kong (Boarding Gate, 2007) e este Personal Shopper (2016) norteadores emblemáticos de uma era. Essa bagagem de menções e apontamentos, através de uma conceituação do e pelo aparente ao mesmo tempo que assume tais elementos pelo que eles são – perspectivas tecnológicas em voga e premissas de um cinema… CONTINUA