Entre a revolta e a psicopatia

A começar pelo fim: há algo de inconclusivo no esfaqueamento levado à cabo pelo protagonista de Em Chamas. Não há uma preparação anterior que o anuncie, um barril de pólvora que desenhe uma insustentabilidade exaustiva das relações dramáticas ou sociais em jogo. Chegamos, com certa naturalidade, ao ponto limítrofe, onde a saída viável e moralmente aceitável, na cabeça do protagonista, é a eliminação solene do adversário, sem haver uma tensão irrevogável delineada na dramaturgia que não uma sutil desconfiança que ele possa ser o culpado… CONTINUA

Das formas de invenção do amor

A capacidade de emprestar presença a fantasmas e projeções é uma característica comum entre o discurso cinematográfico e o sentimento amoroso, e nos últimos dias as telas de Cannes estiveram especialmente povoadas por histórias ao redor dessas “encarnações”. Na competição, por exemplo, dois filmes asiáticos vieram propor olhares distintos sobre uma juventude “desencantada” e sua necessidade de tentar completar alguns de seus vazios através da projeção do desejo do amor em personagens que surgem repentinamente em suas vidas. No coreano Burning, novo filme de Lee… CONTINUA