Escopofagia [videoensaio a partir da obra de José Mojica Marins]

Nas últimas quatro semanas, a Cinética publicou um conjunto de 12 ensaios ao redor da obra de José Mojica Marins. A série #mojicainvenção se encerra com o videoensaio “Escopofagia”, de Victor Guimarães. A feitura deste videoensaio partiu da tentativa de enfrentar um paradoxo. Como é possível que a obra de um cineasta tão obcecado por mostrar o máximo possível – às raias do escatológico – seja igualmente pródiga em episódios de ruptura com a possibilidade de ver? Como é possível que uma encenação tão apaixonadamente… CONTINUA

Filme ruim, a poesia de um mundo

Perversão (1978) – produzido, roteirizado, dirigido e estrelado por José Mojica Marins – é um filme ruim. Nada contra. O cinema brasileiro não é para fracos e, dos filmes ruins, podemos extrair a poesia de um mundo. Além disso, o Mojica setentista, em retrospectiva, parece cada vez mais interessante. Apresentado ao público em janeiro de 79, Perversão recria o tema da revanche feminina, clássico da década e que, no Brasil, gerou amplo imaginário – ainda que fragmentado, disperso. Vivíamos de comunicações precárias e governados por… CONTINUA

Antiestética da voracidade

I. (desdobramento) A construção de uma misantropia contraditória, mistura anômala de ingredientes que não se encontram em qualquer prateleira: no caldeirão fervendo, jogue uma caricatura do Übermensch nietzschiano, uma visão bizarra da Virtù maquiavélica; uma pitada de Conde Drácula, uma de Dr. Frankenstein, outra de delírio solipsista, acrescente a sociopatia típica da classe média brasileira — paranoia armada, misoginia, homofobia, racismo… À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1964), o terceiro longa lançado em cinema dirigido por José Mojica Marins – o “cineasta do excesso e do… CONTINUA