Da arte do constrangimento ou O cosmopolitismo venceu

Uma questão de arquitetura O mais fascinante da arquitetura é que o que ela determina nos modos de vida, o faz quase sempre muito sorrateiramente. Não em princípio. Primeiro se impõe de forma abrupta: demole-se um morro, abre-se uma avenida, eleva-se um prédio. Os barulhos da obra atrapalham. Mas aos poucos tudo isso se naturaliza, até que suas determinantes funcionais são esquecidas. Elas tendem à amnésia, mas continuam estabelecendo um mundo. E mais: lembrar sua raison d’être não promove mudança nenhuma. O que leva a… CONTINUA

Filme ruim, a poesia de um mundo

Perversão (1978) – produzido, roteirizado, dirigido e estrelado por José Mojica Marins – é um filme ruim. Nada contra. O cinema brasileiro não é para fracos e, dos filmes ruins, podemos extrair a poesia de um mundo. Além disso, o Mojica setentista, em retrospectiva, parece cada vez mais interessante. Apresentado ao público em janeiro de 79, Perversão recria o tema da revanche feminina, clássico da década e que, no Brasil, gerou amplo imaginário – ainda que fragmentado, disperso. Vivíamos de comunicações precárias e governados por… CONTINUA