Imaginar o concreto

Não faz muitos anos que o crítico argentino Roger Koza definiu a Mostra Tiradentes como um “oásis de liberdade”. Talvez eu tenha pegado a conversa pela metade, mas não duvido que o mesmo Koza diria algo semelhante – em maior ou menor medida – sobre outros festivais brasileiros que também privilegiam obras formalmente arrojadas e não raro com conteúdos políticos explícitos. O que talvez pormenorize a opinião de Koza é o recente definhamento dos demais festivais que serviam de “oásis” aos realizadores brasileiros, especialmente os… CONTINUA

Sob o peso do próprio olhar

Na edição de Tiradentes de três anos atrás, Victor Guimarães escreveu um ensaio sobre uma incômoda veia do cinema jovem que então despontava. Nomeada pelo crítico de gentrificação da violência, a tendência dizia respeito ao comportamento apaziguador do olhar de vários dos filmes exibidos naquele ano. Filmes que, através de procedimentos formais específicos, produziam imagens estéreis e distanciadas, diante das quais o espectador se mantinha estranhamente não contaminado, a despeito da pregnância do universo retratado. Várias das questões daquele texto voltaram à tona com a… CONTINUA