Cinética Podcast #4 – “A Mula” e “Imagem e Palavra”

O quarto episódio do Cinética Podcast reúne Marcelo Miranda, Raul Arthuso e Pedro Henrique Ferreira numa sessão dupla de dois grandes realizadores. Não há relações diretas eles, a não ser que nasceram ambos em 1930 e tiveram seus novos trabalhos lançados no circuito brasileiro no começo de 2019. Um é Clint Eastwood e A Mula, seu 38º longa-metragem. O outro é Jean-Luc Godard e Imagem e Palavra, o 44º longa do cineasta. Os dois títulos mobilizaram a redação da revista nas últimas semanas, então não… CONTINUA

As culpas dos velhos e os erros dos novos

As inflexões mais cômicas de A Mula fazem-se evidentes nos momentos em que seu tema principal salta à vista: o descompasso entre as imagens preconcebidas que fazemos de alguém ou de algo, com os devidos papéis e lugares que estas devem ocupar no mundo, e sua materialidade ou existência objetiva que frequentemente as desloca. Um exemplo ilustrativo – o agente Colin Bates (Bradley Cooper) sabe que o traficante que procura na estrada dirige uma pick-up preta; ele passa por diversos carros como este, observando e… CONTINUA

Destino manifesto

A montagem de 15h17 – Trem para Paris reforça sempre a ideia de destino final, um funil que aponta para o encontro inevitável no trem do título entre os três protagonistas e o terrorista do ISIS que virão a desarmar. Algo reforçado pela opção por deixar que as primeiras etapas deste evento fatídico se desenrolem via flashforwards interrompendo periodicamente a progressão narrativa entre os blocos centrais da ação. Assim como no pouso forçado de Sully, Eastwood volta aqui seu foco para um evento dramático real… CONTINUA

Heróis de lugar nenhum

Daniel Blake (Dave Johns) e Chesley “Sully” Sullenberger (Tom Hanks) são de mundos diferentes, com demandas, ações, desejos e ilusões diferentes. Acima de tudo, eles vêm de filmes diferentes. Algo, porém, parece uni-los em alguma medida: o caminho de transfiguração entre serem sujeitos ordinários e, por força de circunstâncias para além de suas vontades, tornarem-se sujeitos extraordinários. Tanto em Eu, Daniel Blake (2016) quanto em Sully – O Herói do Rio Hudson (2016) tenta-se atingir certa expiação por meio da cumplicidade e adesão do espectador… CONTINUA