Olho para todos os lados e vejo sexo e sangue

Delírio O gozo em José Mojica Marins é sanguinolento. O desejo é carnal no sentido mais literal possível: seus personagens transam e se devoram. A ambiguidade lexical de “comer” é, na filmografia dele, uma espécie de mantra que nos conduz sombra adentro do seu microcosmo do horror.  No episódio Ideologia de O Estranho Mundo de Zé do Caixão (1968), conhecemos o porão das maldades do médico e professor Oãxiac Odéz, um dos personagens que habita o universo de Marins, que flerta com canibalismo e sadomasoquismo. A realização de… CONTINUA

Sobre O Estranho Mundo de Zé do Caixão

Ocidente. Desde Tomé é preciso ver para crer. A ressurreição se torna fato com as chagas expostas. “Exposição” será o fato social da arte com o cristianismo, a imagem como ressurreição do objeto – a palavra divina, o corpo e o sangue do salvador – apenas se oferecida aos olhos do público. Veja e creia: a lei do espetáculo. O dedo do apóstolo que toca a ferida de Cristo é a quintessência da função da imagem: ver é uma função táctil. “Deixa eu ver?”. Esse… CONTINUA

Visões do inferno – a força política das imagens de Mojica

Assim como existe o marxismo vulgar (aquele que, sem nenhum esforço dialético, reduz a produção sensível às condições materiais e faz de toda arte um mero produto de sua época), há também o politicismo vulgar. Isto é, aquele que automatiza a relação entre uma representação e os efeitos políticos de uma obra de arte, como se ver algo retratado no cinema – uma imagem, um discurso, uma ideologia – fosse sinônimo de transformar-se neste algo que se vê, independentemente, inclusive, da forma como se vê.… CONTINUA