Matou o cinema e foi à festa: Translesbixa, Anarca Filmes, Chorumex e algumas outras

Feitos com câmeras de variadas resoluções e perfurações de diversos arquivos altamente comprimidos, filmes realizados por coletivos queer de diversas cidades do país ao longo da última década formam comunidades transversais aos circuitos tradicionais de cinema e arte. Nesses filmes, que circularam especialmente em projeções improvisadas em espaços não institucionalizados das cenas noturnas das capitais, as imagens pobres – tal como definimos no primeiro texto desta série a partir de Hito Steyerl – parecem convocar seus espectadores a se moverem com elas. À margem do… CONTINUA

O jogo instável entre realizador e espectador na Filmes de Plástico

Talvez quem visse Fantasmas (2010), de André Novais Oliveira, no ano de seu lançamento, não pudesse vislumbrar o movimento tectônico que se operava no campo do cinema brasileiro. No decorrer do filme, o espectador percebe que está a ver não uma suposta janela para a realidade, mas a superfície de uma imagem captada por uma câmera amadora que duas pessoas observam e manipulam. Esses dois homens que conversam no antecampo são, antes de mais nada, espectadores. O único espaço a que temos acesso é o… CONTINUA

A astúcia da impropriedade nos filmes de Lincoln Péricles

Nesta última década, Filme dos Outros (2014), de Lincoln Péricles, realizado no Capão Redondo, periferia de São Paulo, operou a partir de uma compreensão cristalina de como a luta de classes se imprime na materialidade das imagens. Seus procedimentos tomam como ponto de partida inequívoco a percepção de que a sociedade de classe das aparências é organizada e valorizada conforme sua resolução. Realizado com arquivos de dispositivos de filmagem roubados, Filme dos Outros expõe esse “outro” a partir das câmeras que cada filmador possuía. O filme… CONTINUA