Os fantasmas da história tocados por luvas de pelica

Há uma peculiar dialética entre proximidade e distância que ronda a maior parte dos documentários de João Moreira Salles. Seus filmes de retratos, com contornos biográficos, como Nelson Freire (2003) e Entreatos (2004), alternam-se entre instantes de uma aproximação mais reservada e uma forma de olhar que resvala em certa intimidade. Lembro do close do cigarro a descansar no cinzeiro, lentamente, num momento franco, confessional, do tímido pianista Nelson Freire; das falas de Lula, no seu jatinho de campanha eleitoral, numa conversa um tanto distinta… CONTINUA