O trauma, a fala

“O pior é essa raiva, que nunca passa.” Desde A vizinhança do tigre (2014), Affonso Uchôa vem compondo um repertório de vivências marginais ancoradas no universo masculino. A começar pelos adolescentes deste último filme, cultivando uma liberdade ociosa na qual a zombaria e a alopração funcionavam como expressão de camaradagem. De maneira muito diferente, Arábia (codirigido com João Dumans, 2017) também lidava com um mito que poderíamos chamar de “masculino”: aquele do homem sem amarras, avesso ao pertencimento do universo doméstico e cuja solidão anônima… CONTINUA