Movimento é memória; memória é História

Há uma sedução estranhamente poderosa no plano de abertura de Millennium Mambo, naquele corpo desconhecido que caminha por um corredor do qual nada sabemos, dentro de uma configuração espaço-temporal desprovida de qualquer encadeamento narrativo lógico: como chegamos aqui e para onde estamos indo? Como se situar diante da ritualização de uma imagem por completo incógnita, cuja própria matéria de reverência parece estar a se descobrir no momento mesmo em que a reverenciamos? O que se desvenda no diálogo com o olhar continuado é um certo… CONTINUA

O lusco-fusco neon de Chin e Lon

Uma lâmpada solta, que pisca, oscila pela sala num fio e quebra-se no vidro. Uma dança interrompida pela falta de energia elétrica e que continua junto ao acender e apagar da flâmula de um isqueiro. Neons verdes e brancos de uma publicidade que ilumina as ruas escuras de Taipei. Em boa parte dos seus filmes, Edward Yang constrói cenas recorrentemente marcadas por uma luz trêmula – ora presente, ora em desaparição. É uma luz que percorre o espaço, os objetos, os personagens, e está prestes… CONTINUA