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Dicas da programação da Mostra de SP


Repescagem - final de semana (31/10 a 2/11)
por Eduardo Valente
Como fizemos no Festival do Rio, vamos direto ao ponto na repescagem, já que agora não sobra nada a se dizer que não tenhamos tocado ao longo dessas duas semanas de dicas. Então é ser bem direto e ver o que há para ser visto.

Sexta, 31/10

A sexta pede opções radicais: ou se vai para a Cinemateca e passa-se o dia todo a ver Bergmans (há cinco filmes dele seguidos, sendo o primeiro às 14h00 - Crise; e o último às 21h10 - A Hora do Lobo), ou ao CineSesc dedicar quatro horas e meia ao Che de Soderbergh (18h10). Nossa opção? A terceira via, impossível de combinar com estas: vamos ao Bombril 1 celebrar o fim do período dos festivais vendo o filme que mais nos tocou o coração: Aquele Querido Mês de Agosto (18h00). Curiosamente, o filme ganhou o prêmio da crítica, o que nos enche de orgulho por estarmos desde Cannes falando do filme e termos colocado ele aqui no cabeçalho acima antes da Mostra começar.

Sábado, 01/11
Outro dia de Bergmans para os que se interessarem (fechando às 19h40 com o grande, longo e também grandioso Fanny e Alexander), mas para nós talvez o mais interessante seja poder arriscar-se a conhecer alguns filmes não vistos (já que entre os que já vimos, não gostamos muito de nada que passa - nem do Gitai de Mais Tarde Você Entenderá nem de Gomorra). Opção então entre uma noite de exotismo no CineSesc com o filme de um japonês filmado na Bolívia (El Regalo de la Pachamama, 20h00), seguido do exemplar de Bollywood que conquistou prêmio de público na Mostra (Jodhaa Akbar, 22h00); ou uma noite musical brasileira no Bombril, com Loki - Arnaldo Baptista (21h30) seguido de Titãs - A Vida Até Parece uma Festa (23h50). Mas nossa curiosidade maior mesmo talvez esteja com outros dois documentários brasileiros do dia, que passam mais cedo na Cinemateca: KFZ-1348 (16h10) e Só Dez Por Cento é Mentira (19h30). A conferir.

Domingo, 02/11
A tarde do domingão está ótima para o cinéfilo finalmente pegar um sol ou se dedicar a atividades nobres como a Fórmula 1, o futebol ou o Dia de Finados - ficando entre filmes francamente desanimadores (como Three Monkeys e incógnitas que não nos animam)
. Não que a noite seja uma maravilha, mas dá pelo menos para ir na Cinemateca conferir se estamos certos ao preferir muito mais Tulpan (19h20) ao eventual ganhador da Mostra, O Estranho em Mim (21h20). No circuito Paulista-Augusta, a boa é começar com o pequeno e preciso O'Horten (Bombril 1, 17h20), e depois deixar o leitor escolher qual tipo de extravagância prefere, se a de Guy Maddin (Meu Winnipeg, Bombril, 21h20) ou a de Wong Kar-wai (Cinzas do Passado Redux, CineSesc, 21h30).

Quarta-Quinta (29-30/10)
por Eduardo Valente
Quarta, 29/10
Vamos ser sinceros: faltam dois dias para o final da Mostra, o que mais há para ser dito por nós aqui que ainda não o foi?? Absolutamente nada. Então, cortemos o middle man e vamos direto para o que importa: pelo menos sete dos melhores filmes desta Mostra estão em exibição hoje, e o espectador deve priorizar qualquer deles ainda não visto. Por ordem de interesse/paixão deste escriba (já que eles batem horário e impedem que se veja todos, seriam os seguintes: Aquele Querido Mês de Agosto, de Miguel Gomes (Arteplex 4, 17h50); O Primeiro a Chegar, de Jacques Doillon (Espaço Unibanco 3, 13h30); A Floresta dos Lamentos, de Naomi Kawase (Reserva Cultural, 15h10); 24 City, de Jia Zhang-ke (Reserva, 17h10); Lições Particulares, de Joachim Lafosse (Arteplex 2, 17h30); Favela On Blast, de Leandro HBL e Wesley Pentz (iG Cine, 19h00); e Segurando as Pontas, de David Gordon Green (iG Cine, 14h00). A quem por acaso já tenha visto vários dos acima e possua alguns buracos, há ainda alguns filmes sobre os quais carregamos curiosidades a serem sanadas nestes últimos dias, ou que gostamos bastante não tão entusiasticamente, quais sejam: Serbis (CineSesc, 13h30); Soi Cowboy (CineSesc, 15h20); Steak (CineSesc, 17h40); Kinogamma (Espaço Unibanco 5, 15h50 e 17h30); Fronteira (Arteplex 3, 13h00); Se Nada Mais Der Certo (Arteplex 4, 15h30); Cinzas do Passado Redux (Cine TAM, 19h10).

Quinta, 30/10
E o último dia da Mostra fecha a programação com chave de... lata! Sim, é um dos mais fracos de todo o evento, talvez planejando que as pessoas dispensem suas quatro horas para ver o interessante (e pouco mais) Che, embora as duas salas maiores do Arteplex certamente não irão dar conta do público a fim de vê-lo. Aos outros, talvez caiba aproveitar o incentivo final para ir à Cinemateca conferir o cinema do japonês Kihachi Okamoto (de quem passam quatro filme, desde às 14h00 até às 21h10, chequem os horários específicos); ou assistir um dos únicos três filmes realmente imperdíveis do dia (que, por ironia, batem horário): A Floresta dos Lamentos (CineSesc, 15h50); Cinzas do Passado Redux (Espaço Unibanco 3, 15h50); O Último Reduto (iG Cine, 14h00). De resto, são riscos minimamente controlados, que talvez valha correr por ser o último dia da Mostra, como são os casos do turco Leite (Reserva, 19h30) ou o francês Steak (HSBC Belas Artes, 18h10); ou filmes com alguma fama e necessidade de serem vistos, mesmo que pra mim nunca possam ser debitados como recomendações, como Mais Tarde Você Entenderá (Arteplex 3, 13h00); Liverpool (Arteplex 3, 14h50) e Um Conto de Natal (Reserva, 14h30). E, finalmente, se dia de despedida é sinônimo de dia de festa e comemoração, vamos chutar o balde e balançar até o chão com o nada menos que excepcional Favela on Blast (Arteplex 4, 21h10), desfecho mais que perfeito para qualquer tipo de evento.

Segunda-Terça (27-28/10)
por Eduardo Valente
Segunda, 27/10
Mesmo com a Mostra entrando em seus últimos dias, o leitor-cinéfilo ainda tem uma série de filmes que só agora chegam à programação, algo que geralmente acontece em eventos do tipo porque cópias só ficam disponíveis no final da última semana. É o caso de alguns dos mais interessantes filmes do dia, que infelizmente batem horário (por 10 minutos!) no mesmo complexo de salas na sua primeira exibição: O Último Reduto (Unibanco Pompéia 10, 20h30) e Cinzas do Passado Redux (Unibanco Pompéia 1, 21h50). Além deles, há dois filmes estreando que ainda não vimos, mas estamos curiosos para ver: Nucingen Haus (Arteplex 3, 21h50), nova estripulia do sempre surpreendente Raul Ruiz; e Steak, de Quentin Dupieux (Reserva Cultural, 16h30), filme elogiado por algumas boas cabeças francesas, e que ao que consta também não é nada modesto em estranhezas. Além destes, mais duas estréias devem mobilizar o espectador, vindas direto da competição de Cannes, mas destas não gostamos tanto (ou nada, no segundo caso): Um Conto de Natal, de Arnaud Despleschin (Cinemark Eldorado, 22h00) e Three Monkeys, de Nuri Bilge Ceylan (Arteplex 4, 20h10). Ao leitor, caberá fazer seu próprio juízo. Enquanto uns estréiam, outros se despedem, e é o caso nesta segunda do filme de Raymond Depardon, A Vida Moderna (Arteplex 2, 13h30), e da mais recente experiência de Guy Maddin, Meu Winnipeg (iG Cine, 20h50). Finalmente, duas apostas ainda não conferidas (mas que estaremos conferindo justamente na segunda), são Desierto Adentro, de Rodrigo Plá (Cinemateca, 14h30), e O Estranho em Mim (Arteplex 3, 19h50). Conversaremos mais sobre eles nos próximos dias, na sessão de críticas.

Terça, 28/10
Em termos de estréias, a terça é interessante na seara nacional. No Arteplex 1, A Festa da Menina Morta, de Matheus Nachtargaele (20h00), vai atrair mais atenção, embora nosso crítico não tenha entrado na onda proposta pelo filme. Por isso, nossa maior recomendação vai mesmo para Favela On Blast (Espaço Unibanco 3, 21h30), que passa na Mostra sob o codinome Favela Bolada, mas que é o mesmo poderoso documentário que vimos no Festival do Rio. Já na seara das despedidas, é dia de dizer até logo a dois filmes com estréias nacionais prometidas:
A Fronteira da Alvorada
, de Garrel (Reserva Cultural, 14h30) e Tulpan (Unibanco Pompéia 10, 19h10). Mas, como estréiam, melhor talvez seja priorizar a exibição do 24 City, de Jia Zhang-ke (CineSesc, 17h30). Já para aqueles realmente a fim de se exporem ao que de mais estranho o cinema faz, quiçá a dobradinha do dia seja mesmo no iG Cine, com o novo Raul Ruiz (Nucingen Haus, 15h30) e o nem sempre feliz, mas curioso Soi Cowboy (17h20). Finalmente, aos preguiçosos de plantão, que à correria preferem a possibilidade de sentar numa mesma sala o dia todo, a programação mais uniformemente interessante e variada está no Bombril 1, que começa às 14h00 com a ficção de Max Payne (que, lógico, breve vai estar num cinema perto de você); passa pelo pouco conhecido mas conceituado cinema do turco Semih Kaplanoglu (Leite, 16h00); vai ao Wong Kar-wai revisitado de Cinzas do Passado Redux (18h00); e deságua na substituição do novo José Padilha pelo igualmente interessante novo filme de Guel Arraes (Romance, 20h00).

Segundo final de semana
por Eduardo Valente
Sexta, 24/10
O espectador pode dedicar a sua sexta-feira de Mostra a ver filmes das retrospectivas – e talvez aí se dê conta de um tremendo contrasenso da programação. Enquanto a nobre sala 1 do Arteplex fica a disposição do cinema insosso de Hugh Hudson o dia todo (claro que isso se deve a seus filmes terem Al Pacino e Oscar de melhor filme, além do próprio estar presente no júri da Mostra), o japonês Kihachi Okamoto foi relegado à Cinemateca – local que, embora tenha provavelmente a sala de melhor projeção de toda a Mostra (a sala BNDES), mesmo assim fica bem longe do centro nervoso do evento, e requer um certo esforço a mais. Mas, como veremos amanhã, este está longe de ser o maior absurdo de programação, e por isso mesmo fica como nosso principal destaque do dia: no total, cinco filmes do cineasta japonês passam nesta sexta, nas duas salas da Cinemateca, sendo que dois deles na citada sala BNDES (abrindo caminho para um outro grande cineasta, Raymond Depardon, cujo A Vida Moderna fecha o dia por lá, às 20h40). Fora isso, os destaques do dia se dividem entre duas sessões nobres (e por isso mesmo provavelmente hiper-lotadas): no Arteplex 2, assistir 24 City, de Jia Zhang-ke (22h10) certamente é programa bem melhor que rever o absurdo Oscar de melhor filme pra Carruagens de Fogo na sala 1. Enquanto isso, no Espaço Unibanco 3, última chance de assistir na Mostra a Rebobine, Por Favor, de Michel Gondry (23h00) – que, tudo indica, estréia logo.

Certamente menos concorridos (o que significa uma tranquilidade maior, apreciada por vários cinéfilos – inclusive este aqui) são alguns filmes mais escondidos da programação. No CineSesc, estréia O Estranho em Mim (18h40), filme alemão que recebeu consideráveis elogios em Cannes este ano (onde foi exibido na Semana da Crítica). Mais cedo, no Espaço Unibanco 3, uma grande surpresa brasileira, o filme curitibano Mistéryos (15h30), que se está longe de ser uma obra-prima, representa uma tentativa bem ousada esteticamente num cinema brasileiro tão previsivel. Aos que costumam deixar os brasileiros para depois dizendo que “logo posso ver no cinema”, não custa lembrar quão falsa é esta idéia, especialmente no caso de filmes tão radicalmente independentes como este. Finalmente, o Arteplex 3 abre seu dia com os dois primeiros filmes de Pablo Trapero, considerados por alguns os seus melhores (não é o meu caso, embora goste muito deles): Mundo Grua (13h00) e Do Outro Lado da Lei (14h50).

Sábado, 25/10
Sábado deveria ser o dia de celebrar duas das mais esperadas sessões da programação da Mostra, pelo menos por aqueles que ainda entendem a Mostra como o momento de ver o que de mais arriscado e diferente se faz em cinema no mundo. É o dia em que estréia Melancholia (15h00), primeiro filme do filipino Lav Diaz a passar no país, tendo ganhado o prêmio de melhor filme da mostra paralela de Veneza há poucas semanas. Só que a comemoração dura pouco: assim como a segunda e última exibição no dia seguinte deste filme de sete horas e meia de duração (e um dos mais curtos da carreira de Diaz!), a sessão acontece no péssimo e desconfortável Espaço Unibanco 5, pela primeira vez usado no evento. Talvez a Mostra considere que, uma vez que um filme exige mais do espectador, seja função de fazer com que a sessão do mesmo se torne também um sofrimento, com projeção sofrível, cadeiras desconfortáveis e tela do tamanho de um telão de vídeo. A outra sessão vem num formato mais dissimulado, porque se nesta noite o primeiro episódio de Berlin Alexanderplatz, o épico de Fassbinder, passa no razoavelmente grande e confortável Bombril 1 (embora esteja com uma projeção escura, como de hábito), com direito garantido de apresentação, comemoração e mídia, as outras partes todas vão para o irmão menor (e muito, muito pior) Bombril 2, uma por dia – num formato que dificulta muito a quem quiser ver a obra toda, pois ela se espalha por mais cinco dias no final da tarde. No final das contas, fica uma impressão que dizer que os filmes vieram ao evento às vezes é mais importante do que apresentá-los de uma maneira que ele chegue bem ao espectador.

A quem por acaso desistir dos eventos pelo desconforto, o dia de sábado faz jus ao fim de semana e São Paulo se torna uma filial da competição de Cannes 2008, tradicionalmente a mais forte de festivais do mundo. O dia já começa podendo ver-se um deles às 12h00 (Leonera, de Pablo Trapero, no Bombril 1), e isso dura até a última sessão, com o israelense Waltz With Bashir ganhando sessão dupla na mesma hora (23h30, nas salas 1 e 2 do Arteplex). Entre os extremos, outros competidores espalham-se pelo circuito da Mostra: há a estréia na Mostra do controvertido filipino Serbis (Cinemateca Petrobras, 14h30), que causou certo choque em Cannes 2008; mais um capítulo da saga de Jia Zhang-ke no retrato da China contemporânea (24 City, iG Cine, 20h00); o badalado italiano Gomorra (Unibanco Pompéia 1, 16h00); e a delicadeza contundente de Philippe Garrel com A Fronteira da Alvorada (Reserva Cultural, 21h50). Sobrou até um competidor de Cannes 2007, pois também passa Alexandra, de Sokurov (14h30, no Unibanco Pompéia).

Mas, Cannes não se resume à competição, e outros títulos menos badalados vindos de outras seções do Festival também passam na Mostra. Só da Semana da Crítica, são três: Moscou, Bélgica (CineSesc, 13h30); Desierto Adentro (CineSesc, 17h20); e O Estranho em Mim (Arteplex 2, 19h30). Mas três das mais interessantes sessões do dia vêm com outros pedigrees: é a última chance de ver o belíssimo Horas de Verão, de Olivier Assayas (Arteplex 3, 18h00), filme com estréia prometida mas ainda não marcada no Brasil; a primeira chance de ver no circuito mais próximo (passou antes no Morumbi) o etíope Teza (23h20, Unibanco Pompéia), ganhador do prêmio especial do júri e prêmio de roteiro no recente Festival de Veneza; e, finalmente, já que sessões especiais não são só os filmes, mas a aura em torno deles também, sábado às 23h10 parece a hora perfeita (melhor só se fosse meia-noite) para ver o mais que elogiado filme de vampiros sueco Deixa Ela Entrar, no CineSesc. Dia cheio de opções.

Domingo, 26/10
Dia de muito, véspera de pouco, já dizia o ditado. Passando rápido (ver no sábado o porquê) pela última exibição de Melancholia (Unibanco 5, 15h00) e dos episódios 2 a 4 de Berlin Alexanderplatz (Bombril 2, 18h10), sobra pouco para se escolher de garantido no domingo: até há mais uma chance de ver o filme de Garrel (Bombril 1, 14h20), mas como ele já foi bastante exibido, estréia logo e o Bombril anda com projeção bem média, melhor negócio talvez seja ir até a Cinemateca conhecer o arriscado Serbis, na belíssima sala BNDES (17h40) e quiçá emendar com o forte Lições Particulares (Reserva Cultural, 22h10), sessão dupla que é garantia de um domingão bem pouco confortável. No mesmo horário, outra possível opção é a primeira exibição do premiado filme etíope Teza no circuito Paulista-Augusta da Mostra (Bombril 1, 21h50). Além destes, destaque apenas para três documentários brasileiros que ainda não vimos mas que interessam bastante: no Arteplex 2, Só Dez Por Cento é Mentira, sobre Manoel de Barros (15h20), será seguido imediatamente por Loki – Arnaldo Baptista (17h00), que além de elogiadíssimo já foi anunciado que não será lançado depois nos cinemas. Para completar a sessão tripla, KFZ-1348, da jovem dupla pernambucana Gabriel Mascaro e Marcelo Pedroso, passa no Reserva Cultural às 20h30. Finalmente, já que o dia é de atrações obscuras, vale recomendar um risco programado: embora passe no péssimo Bombril 2, os amantes do cinema de gênero podem tentar se exercitar com História 52 (15h50), filme grego que nos foi recomendado por alguns apreciadores e conhecedores desta produção. Fica a dica soturna.


Quarta-Quinta (22-23/10)

por Eduardo Valente
Quarta, 22/10
Não há como não considerar o maior destaque desta quarta a estréia no Brasil dos dois novos filmes de Jia Zhang-ke, o longa 24 City, exibido em Cannes e o curta Cry Me a River, exibido em Veneza. Trata-se, possivelmente, da grande novidade que a Mostra trouxe em relação ao Festival do Rio, e vale ver já na primeira chance, no Arteplex (sala 1, 17h50). Logo antes, o leitor pode ver dois belos filmes brasileiros como aperitivo (ou complemento) à sessão de Jia: na sala 4, passa A Erva do Rato, de Julio Bressane (16h10); e começando antes mas fazendo um programa mais "apertado" (porque o filme é mais longo), tem o ganhador do Festival do Rio, Se Nada Mais Der Certo, de José Eduardo Belmonte (sala 2, 16h00). Já para a noite, as opções são mais abrangentes e pelo menos quatro salas fazem programas duplos de respeito: no Espaço Unibanco 3, a segunda exibição de A Floresta dos Lamentos é seguida de uma sessão do filme colombiano Perro Come Perro, que causou boa impressão no último Festival de Gramado; já no CineSesc, a noite é de Bergman, começando um pouco mais cedo com A Paixão de Anna (17h40), um de seus filmes mais fortes, e fechando com o menos raro no cinemas daqui (e irregular, mas quando forte, inesquecível) Fanny e Alexander (19h40), com suas três horas de duração; no Cine Bombril, em um programa menos inédito pois de dois fimes que devem estrear em não muito tempo, pode-se ver o novo de Olivier Assayas (Horas de Verão, 19h20) e logo depois o novo de Guel Arraes, que sempre nos interessa (Romance, 21h20); e, finalmente, até o Cinemark Cidade Jardim (que eu, carioca que sou, não tenho nem idéia de onde fique) tem uma bela noite de sentimentos distintos, com o a delicadeza de Tulpan (19h00) sendo seguida do elogiado filme de horror Deixa Ela Entrar (21h30). Opções para todos os gostos, em suma.

Quinta, 23/10
Para o cinéfilo que gosta de acumular filmes sem se locomover muito, a melhor pedida do dia é a programação do Espaço Unibanco 3: pode-se começar por Vida (17h20), filme-homenagem de Paula Gaitán à Maria Gladys; emendar com Um Amor de Perdição (18h50), que muita curiosidade nos traz por adaptar para hoje clássico já transposto por Manoel de Oliveira, em realização justamente de um colaborador deste, o fotógrafo Mário Barroso; logo depois podendo ver o iraniano 10+4, de Mania Akbari, a atriz do 10 de Kiarostami que retoma o formato com outros objetivos; e fechar a noite com Depois da Escola (22h10), estréia vigorosa, ainda que bastante irregular, do americano-brasileiro Antonio Campos. Dia de programação com menos destaques claros, a quinta pode ser boa para o leitor arriscar-se um pouquinho - quem sabe não sai daí alguma pérola desconhecida? Neste sentido das descobertas, nossa principal dica do dia fica numa sala que detestamos recomendar, mas trata-se afinal da última exibição deste pequeno tesouro: falamos de Acácio, documentário da mineira Marília Rocha que passa no HSBC às 20h20. Infelizmente no mesmo horário, passam outros dois filmes brasileiros pelos quais temos curiosidade, mas ainda não pudemos conferir: o documentário KFZ-1348, que estréia no Arteplex (sala 2, 21h30); e a ficção dirigida pelo irmão de Rogério Sganzerla, Angello Cllemente, Aos Hespanhóis Conphinantes (CineSesc, 19h30).

Em termos de estréia na Mostra, talvez o filme mais interessante do dia seja o francês O Primeiro a Chegar, dirigido pelo sempre interessante Jacques Doillon, que passa mais longe um pouco do centro da Mostra, no Unibanco Pompéia (21h50). Para justificar a ida até lá, talvez valha chegar mais cedo para conferir Sinédoque, Nova York (19h30), a estréia na direção de Charlie Kaufman que não nos convenceu quase nada, mas que o leitor pode querer formar sua própria opinião. Já o comparsa de Kaufman, Michel Gondry, fez o que tem sido considerado por muitos seu melhor filme, Rebobine, Por Favor, que passa na Cinemateca (14h30), abrindo a tarde para o filme que é um de nossos choques do ano, e não por acaso dá cabeçalho a esta cobertura lá em cima: o português Aquele Querido Mês de Agosto (16h30). Falando em choques, terminamos as dicas do dia falando de um tema que volta com mais força nos próximos dias: a latente tendência da programação da Mostra deste ano de desprezar os filmes mais diferentes que trouxe no ano, colocando-os em salas lamentáveis. Nesta quinta, tem sua primeira exibição na Mostra os dois filmes de Siegfried que, a julgar pela sinopse, parecem experiências que ao menos gostaríamos de conhecer. Mas, infelizmente, no Centro Cultural São Paulo fica difícil se dispor ao sacrifício das mais de três horas de programa de Kinogamma, partes 1 (18h10) e 2 (20h00). Leitores de coluna vertebral mais forte que por acaso compareçam, mandem notícias. Os filmes reprisam na semana que vem, vejam só, no Cine Olido e no Espaço Unibanco 5. Brincadeira de mau gosto, claro.

Segunda-Terça (20-21/10)
por Eduardo Valente
Segunda, 20/10
Num dia de programação particularmente pouco interessante ao longo da Mostra, o destaque total e absoluto fica mesmo para a sessão dupla na noite do CineSesc, que exibe em sequência Sonata de Tóquio (19h40) e A Fronteira da Alvorada (22h00), dois dos melhores filmes em exibição em toda a Mostra - sendo que o filme de Kiyoshi Kurosawa se despede do Brasil por enquanto. Para imediatamente antes, as opções são menos fortes, mas até há 3 de interesse: no iG Cine, um pouco mais longe do centro da Mostra mas nem tanto assim, passa o documentário brasileiro Acácio (16h), desde já uma de nossas grandes curiosidades entre os lançamentos brasileiros da Mostra; para quem não tem medo de uma subidinha rápida na Augusta, dá para encaixar o inglês Better Things (Arteplex 1, 17h50), filme dos mais elogiados na Semana da Crítica de Cannes neste ano; e finalmente os mais ousados podem tentar uma ponte com a Cinemateca Brasileira, começando o dia com os Bergman de Prisão (16h00) e A Hora do Lobo (17h40). Aliás, para quem por acaso já viu o filme de Kurosawa, talvez ficar na Cinemateca o dia todo seja um bom programa, pois depois destes dois Bergman ainda se pode ver o belo Tulpan (19h30), e escolher entre as duas salas para ver um derradeiro Bergman na noite: Vergonha na sala Petrobras (21h30) ou No Limiar da Vida, no mesmo horário da sala BNDES (é o único de todos estes Bergman do dia que ainda passa de novo). Finalmente, vale mencionar que na FAAP dá para se ver os dois últimos filmes de Pablo Trapero, Leonera (10h00) e Nascido e Criado (17h00), e entre eles participar da conversa com o cineasta argentino, que está marcada para 13h30.

Terça, 21/10
A segunda de poucas opções é seguida de uma terça cheia de possibilidades para o leitor.Só nas salas do Arteplex, dois grandes filmes desta Mostra fazem sua estréia possibilitando uma sessão dupla tão forte quanto a de ontem: antes tarde do que nunca, a Mostra acorda para o cinema da japonesa Naomi Kawase e, mesmo que com um ano de atraso, exibe A Floresta dos Lamentos (sala 1, 18h10), premiado em Cannes no ano passado; enquanto mais tarde passa um dos grandes filmes de Cannes este ano, recebido com entusiasmo também no Festival do Rio, o português Aquele Querido Mês de Agosto (sala 4, 21h20). Se os dois são os destaques disparados, o leitor tem outras opções de respeito no mesmo horário e local - caso sua programação permita encaixar os dois acima num outro dia. Às 17h20, a sala 2 exibe o pequeno e belo filme uruguaio Acne; e às 22h10, o furacão-Bressane de A Erva do Rato passa na sala 1.

Não que o Arteplex tenha as únicas boas opções do dia. No Espaço Unibanco 3, por exemplo, há o elogiado Horas de Verão, de Olivier Assayas (16h00), e, depois de uma pausa para o jantar, pode-se voltar para conferir a estréia na direção de longas de ficção da grande Helena Ignez (Canção de Baal, 20h00) e, na sequência, aquela que, confirmados os boatos de que o filme iria direto para DVD no Brasil, pode ser uma das últimas chances de se ver nos cinemas Segurando as Pontas (21h40), o filme incrivelmente mal comportado de Judd Apatow, Seth Rogen, Evan Goldberg, David Gordon Green e cia. Como se fosse pouco, o Reserva Cultural também tem programação movimentada, começando com o inglês Better Things (16h20), passando pelo problemático mas de interesse Terra Vermelha (18h10), e terminando a noite com a primeira exibição paulistana de Se Nada Mais Der Certo (20h20), o filme de José Eduardo Belmonte que acaba de ganhar o Festival do Rio. Para complementar um dia cheio de escolhas, talvez a melhor maneira de começá-lo seja no CineSesc, com a dobradinha de Yasujiro Ozu que passa na Mostra dentro da tal Carta Branca a Wim Wenders. Mesmo que Fim de Verão (13h30) e A Rotina Tem Seu Encanto (15h30) não sejam dos filmes mais raros do diretor, vê-los na tela grande é sempre um enorme privilégio.

Primeiro final de semana
por Eduardo Valente
Sexta, 17/10
Começo de Mostra, talvez o leitor (e os redatores, por que não?) ainda não esteja se sentindo tão corajoso para testar as águas de tantos filmes desconhecidos, muitos dos quais de aparência francamente desanimadora. Talvez seja a hora de, como se diz, “play it safe” mesmo. Se assim desejar, dois lugares parecem ser os refúgios mais seguros. No Arteplex, a sala 2 exibe três filmes que vêm com o pedigree de Cannes, dos quais pelo menos um é realmente acima da média: Tulpan (15h30), que faz sua estréia no Brasil. Curiosamente são os outros dois (O Silêncio de Lorna, às 17h30; e Liverpool, às 19h30) que possuem mais reconhecimento no mundo dos autores de cinema (irmãos Dardenne e Lisandro Alonso, respectivamente), mas certamente são filmes mais facilmente discutíveis – o que não deixa de dar um certo interesse a eles. Já no HSBC, a dobradinha de segurança na noite quase faz valer as más condições de projeção que costumam marcar as experiências por lá: estréia do belo novo filme de Olivier Assayas, Horas de Verão (17h40); e chance de ver antes do circuito ao Segurando as Pontas, de David Gordon Green (21h40). Aliás, se o leitor é um destes apressadinhos que não agüenta e quer mesmo ver filmes que logo entram em circuito, há outras belas pedidas no dia, como o novo dos irmãos Coen (Queime Depois de Ler, Arteplex 1, 17h50); o novo de Jonathan Demme (O Casamento de Rachel, Bombril 1, 20h10); ou mesmo o novo de Errol Morris (Procedimento Operacional Padrão, CineSesc, 19h00).
No entanto, apreciamos também os leitores mais aventureiros, que queiram se arriscar um pouco conosco nestes mares pouco navegados de filmes, e para eles também há algumas dicas menos garantidas mas dignas de um “risco calculado”. É o caso de Deixa Ela Entrar, de Tomas Alfredson (Arteplex 2, 21h10), que alguns passarinhos nos cantam como uma das possíveis surpresas da Mostra – a conferir. Já na escola “eu acredito em sinopses”, o filme mais interessante do dia parece ser o argentino Hunabkú (Bombril 1, 18h10), sobre o qual nada sabemos, além de que o que lemos no catálogo da Mostra dá pelo menos esperança de uma experiência inesperada (o que, cá entre nós, é um diferencial e tanto). Assim como inesperada e bem-vinda é a retrospectiva de um nome quase desconhecido do cinema japonês aqui no Brasil, Kihachi Okamoto. “Radicada” na Cinemateca Brasileira, a mostra do cineasta começa com tudo na sexta, com nada menos que quatro filmes seguidos entre 14h30 e 20h20. Maratona das mais interessantes, essa. No entanto, no primeiro dia as apostas mais curiosas parecem pertencer à novíssima geração do cinema brasileiro: entre premiados no Festival do Rio (Apenas o Fim, Arteplex 1, 21h50) e filmes exibidos no último Festival de Brasília com considerável interesse (Amigos de Risco, Espaço Unibanco 3, 21h00), o espectador por pelo menos contar com alguma indicação anterior. Mas o que dizer de Doce de Côco (Arteplex 3, 20h30), fazendo sua estréia nacional? Bom, de minha parte só posso dizer que eu estarei lá para descobrir do que se trata.


Sábado, 18/10
Se eventos como a Mostra vivem acima de tudo do cacife de determinados autores do cinema, sábado será um dia cheio para o freqüentador. Por um lado, um dos mais celebrados autores de cinema do mundo tem direito à cardápio completo no dia da Cinemateca, onde serão exibidos, dentro da retrospectiva dedicada a Ingmar Bergman, Prisão (14h00), Fanny e Alexander (15h40), A Paixão de Anna (16h50 – em outra sala, coincidindo com a sessão do anterior) e Crise (19h10). Quem não quiser se deslocar até a Vila Mariana, porém, também tem Bergman no circuito Augusta-Paulista da Mostra, com Música na Noite (13h30) e Sede de Paixões (17h30) “abrindo os trabalhos” no CineSesc para esta que será, com certeza, uma das sessões mais concorridas de todo o evento: a exibição de O Poderoso Chefão em cópia restaurada (21h00). Mas, vale notar outra mini-retrospectiva (mais completa, mas também de uma obra consideravelmente mais curta) dedicada a um autor contemporâneo, o argentino Pablo Trapero. O cinéfilo que quiser pode conhecer quase toda a obra dele neste sábado, começando na sala 2 do Bombril com o excepcional Do Outro Lado da Lei (14h00) e depois emendando com Família Rodante (15h50) e Nascido e Criado (17h50), tudo isso desembocando na primeira exibição na Mostra do seu grande e mais recente filme, Leonera (20h00), na sala 1 do mesmo cinema.

Enquanto isso, quem quiser se ater mais ao cinema contemporâneo, tem um dia cheio no Arteplex (como quase todos são neste complexo onde 4 salas acolhem a Mostra). A grande pedida do dia parece mesmo ser a noite da sala 3, que promete risadas a granel com os dois últimos de Domingos Oliveira (Juventude, 20h20; e Todo Mundo Tem Problemas Sexuais, 21h50) abrindo para o Segurando as Pontas, de David Gordon Green (23h30). Mas está longe de ser o único programa de interesse: só na seara do cinema nacional, por exemplo, há ainda a oportunidade de conhecer o irregular mas poderoso filme de Selton Mello (Feliz Natal, 21h50, sala 1) ou se arriscar na estréia nacional de Aos Hespanhóis Conphinantes (sala 2, 15h20), cuja maior curiosidade é ser realizado pelo irmão de Rogério Sganzerla, Angello Cllemente. Estréias mais fortes (e seguras, convenhamos) dividem horário com este último, porém, vindas direto de Cannes: é o caso do novo filme do grande Raymond Depardon (A Vida Moderna, 16h00, sala 1) e o segundo trabalho do catalão Albert Serra (O Canto dos Pássaros, 16h30, sala 3), cujo primeiro filme (Honor de Cavalleria) causou impressão na Mostra há poucos anos. Finalmente, sábado permite também ao leitor conhecer a tão propalada dupla que saiu de Cannes dando notícias de uma “retomada do cinema italiano”, e julgar se ele acha, como nós, que estes boatos são um tanto exagerados. De qualquer jeito, é ver para concluir: Gomorra passa na sala 1 (19h20) e de lá o leitor pode emendar com a exibição de Il Divo, na sala 2 (22h40). Não podemos fechar este bloco do dia sem mencionar que um de nossos filmes favoritos do ano (Sonata de Tóquio) estréia na Mostra neste sábado. No entanto, como não recomendamos nada a sala onde ele será exibido (sim, o HSBC Belas Artes), preferimos deixar para dar a dica completa ao leitor nas próximas exibições. O filme merece a paciência.


Domingo, 28/09
Se terminamos o bloco de ontem “des-recomendando” a estréia de Sonata de Tóquio na Mostra, não podemos começar o dia sem fazer o movimento contrário de recomendar com todas as forças sua segunda exibição, agora sim num cinema à sua altura (Unibanco Pompéia 1,14h00). Verdade, a sala é longe do centro da Mostra, mas além do filme merecer o sacrifício, o cardápio do resto do dia por lá é interessante o suficiente para justificar a “viagem”: há a presença de dois filmes exibidos em Cannes com críticas favoráveis (se não exultantes) em Os Adultos (sala 1, 16h20) e Acne (sala 10, 22h00); um outro que ainda não vimos mas que nos parece digno do “risco” pelas possibilidades interessantes (Vista para o Mar, sala 10, 18h20) e completando o dia a escolha entre o grande Leonera, de Pablo Trapero (sala 1, 20h10) – que, no entanto, estréia logo logo -, e o novo filme de Eryk Rocha, Pachamama (20h00). Dia cheio no Pompéia, dia cheio também na Cinemateca – cheio de Ingmar Bergman, novamente. Começa-se com fase mais leve do cineasta na melhor das duas salas do local (Música na Noite, 14h00; Quando as Mulheres Esperam, 15h50), mas de noite a coisa fica pesada com o trio de A Hora do Lobo (17h50), Crise (19h40) e Vergonha (21h30). Só dá para recomendar o programa porque, afinal, é noite de domingo – o que já chama um pouco de depressão, de qualquer maneira.

Para quem quiser um final de noite menos pesado, porém, há uma série de dobradinhas curiosas espalhadas pelo domingo da Mostra. No Bombril 1, por exemplo, a luminosidade extrema do belo Tulpan (19h40) é combinada com o sempre “sério” Sokurov, em Alexandra (21h40). No Unibanco 3, o ainda não visto mas bastante comentado em Cannes pela ironia cruel Tony Manero (19h10) parece fazer dupla adequada com os irmãos Coen de Queime Depois de Ler (21h10). No Reserva Cultural, a competição de Cannes baixa com tudo exibindo o belíssimo A Fronteira da Alvorada (18h40), seguido do nem tanto assim Gomorra (20h50). E, finalmente, no Cine Sesc, entre a segunda exibição do Poderoso Chefão (17h20) e o novo Jonathan Demme, de O Casamento de Rachel (22h30) se insere ali, discretinha, uma das estréias nacionais mais aguardadas por nós, do novo filme da grande documentarista (ou simplesmente grande cineasta) Marília Rocha, Acácio (20h40). Finalmente, para falar de destaques nacionais, vale dizer que no Arteplex é mais uma chance de ver os marcantes Amigos de Risco (sala 2, 13h30), Feliz Natal (sala 2, 15h10) e ainda conferir a primeira exibição do novo filme do mineiro Rafael Conde, Fronteira (19h00).

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