Minha Super Ex-Namorada (My Super
Ex-Girlfriend),
de Ivan Reitman (EUA, 2006)
por Lila Foster
Super banal
“De feminismo o mundo está cheio, e de saco cheio”.
Essa muitas vezes é a palavra de ordem do senso comum, incluindo
aqui homens e mulheres, quando se discute a posição da mulher
nos tempos atuais. O assunto é complicado e o lema é respeitar
a multiplicidade dos papéis que cada um decide assumir perante
a sociedade, mas vai ser difícil passar por Minha Super Ex-namorada
sem pensar na imagem da mulher construída pelo filme.
Ainda que o diretor não queira fazer uma versão
feminina dos super-heróis masculinos, o esquema inicial está ali:
os traumas dos “highschool years”, o adolescente que não
encaixa no seu meio, o evento super natural que confere os poderes,
a transformação, a vida em segredo, a responsabilidade pelo bem
estar de uma cidade. Com certeza existe a brincadeira com o gênero,
talvez o título mais acertado para o filme fosse “O Pesadelo de
um Homem”.
Matt Saunders (Luke Wilson) joga uma cantada em
Jenny Johnson (Uma Thurman) no metrô. Leva um fora, um ladrão
a bolsa dela, e ele corre desesperadamente para realizar o feito
heróico que irá conquistá-la. A partir daí ele entrará em contato
com uma mulher esquisita – e, pior de tudo, neurótica e ciumenta.
Matt decide largá-la, mas Jenny (a G-Girl) enlouquece. Toda
a fantasia e os efeitos especiais bacanas que cercam os super-heróis
vão se transformar, então, em verdadeiras armas de tortura: a
justiça a ser realizada aqui é a de acabar com o homem que lhe
causa sofrimento.
No seu plano de vingança vale de tudo para acabar
com o seu ex-namorado, até mesmo jogar um tubarão no colo do amado.
O filme vira, então, uma super-caricatura da mulher insegura e
desesperada que sofre por amor. Almodóvar e Rohmer construiram
neuróticas e chatinhas maravilhosas, sabemos, então o problema
não é esse. A questão é que, no fundo, Minha Super Ex-Namorada
tenta fazer graça do velho estereótipo “mulher psicótica” mas
não chega lá. Podia ter dado certo se o filme fosse mais sarcástico
(o amor dá certo do final...), se os diálogos fossem mais interessantes
e menos “espertinhos”, se a representação da mulher não fosse
tão rasteira. Faltou graça, brincadeira.
Um detalhe interessante: o site do filme criou
um link “Mess Your Ex”, que consiste num plano para as mulheres
reais contra os seus ex-namorados. Vemos um efeito gráfico
de Uma Thurman com uma serra elétrica na mão, pingando sangue,
e digitando o site (ou email) do seu ex-namorado, o próximo
passo é que você “arrase com o perfil dele com uma série de armas
de destruição e mostre o estrago para todos os seus amigos. O
prazer é nosso.” Com uma estratégia de marketing dessas,
não precisa dizer mais nada.
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