O Cassavetes performático e fantasmático: A via-crucis pática em “A Morte de um Bookmaker Chinês”, “Noite de Estreia” e “Amantes”

“Se a mimeses só representa em imagem o que viu, a phantasia também o que não viu” Flavius Filóstrato, Vida de Apollonius de Tyane “Que fórmula encontrar para dizer ou pensar que o falso é real?” Platão, O Sofista “Se a sujeira desempenha um papel positivo sob certas condições, é porque a ausência de forma possui um poder criador. A sujeira, a loucura, a morte – em suma: tudo o que é, em relação a um sistema, o negativo e o outro, deve ser de… CONTINUA

Cinética Podcast #5 – “Nós”, de Jordan Peele

No quinto episódio do Cinética Podcast, a conversa é sobre Nós, mais novo trabalho do diretor Jordan Peele. Depois do grande sucesso de Corra!, que deu o Oscar de roteiro original para o cineasta em 2018, Peele volta com um filme enigmático e instigante, que é analisado no programa por Marcelo Miranda, Raul Arthuso e Juliano Gomes. Este episódio é dedicado a Beth Carvalho. CINÉTICA NAS REDES Para ler, curtir, enviar perguntas, tirar dúvidas, fazer críticas e sugestões: Site oficial – www.revistacinetica.com.br e-mail – *protected email* Facebook – www.facebook.com/revistacinetica/ Twitter – twitter.com/revistacinetica… CONTINUA

11 estrofes sobre Nós

1 “Nós” é, hoje, umas das palavras mais difíceis de se dizer. Ao passo que a cisão que funda o que se acostumou a chamar de “mundo” se torna mais e mais evidente, traçar uma “primeira pessoa” se torna uma ação cuja violência se torna quase insuportável. Nós quem? Nós como? O nó que repousa sobre essa idéia é o da consciência das radicais desigualdades que fundam coletividades (como a ideia de nação, por exemplo). O espaço aberto pela nitidez dessa fratura abriga uma torrente… CONTINUA

Cinética Podcast #4 – “A Mula” e “Imagem e Palavra”

O quarto episódio do Cinética Podcast reúne Marcelo Miranda, Raul Arthuso e Pedro Henrique Ferreira numa sessão dupla de dois grandes realizadores. Não há relações diretas eles, a não ser que nasceram ambos em 1930 e tiveram seus novos trabalhos lançados no circuito brasileiro no começo de 2019. Um é Clint Eastwood e A Mula, seu 38º longa-metragem. O outro é Jean-Luc Godard e Imagem e Palavra, o 44º longa do cineasta. Os dois títulos mobilizaram a redação da revista nas últimas semanas, então não… CONTINUA

As culpas dos velhos e os erros dos novos

As inflexões mais cômicas de A Mula fazem-se evidentes nos momentos em que seu tema principal salta à vista: o descompasso entre as imagens preconcebidas que fazemos de alguém ou de algo, com os devidos papéis e lugares que estas devem ocupar no mundo, e sua materialidade ou existência objetiva que frequentemente as desloca. Um exemplo ilustrativo – o agente Colin Bates (Bradley Cooper) sabe que o traficante que procura na estrada dirige uma pick-up preta; ele passa por diversos carros como este, observando e… CONTINUA

Berlinale 2019 e suas despedidas

A sexagésima nona edição do Festival de Berlim, ou Berlinale, como é geralmente conhecido, certamente será marcada por um instante de inflexão na sua história. Após dezoito anos no centro dos holofotes da curadoria, Dieter Kosslick anunciou a sua despedida. Ficará à sombra e deixará de lado o chapéu, o cachecol vermelho e o bigode que legaram charme à sua marca visual. Como ocorre na maioria dos festivais de cinema de renome internacional – vide Cannes e Veneza – as direções artísticas são longevas e… CONTINUA

Cinética Podcast #2 – Vidro e o cinema de M. Night Shyamalan

No segundo episódio do podcast, o trio Raul Arthuso, Marcelo Miranda e Fábio Andrade discute Vidro, novo filme de M. Night Shyamalan. Um dos cineastas mais incensados na história da Cinética, Shyamalan fez outro grande trabalho que chamou atenção da revista. Sua trajetória desde O Sexto Sentido (1999) é assunto neste programa – inclusive os momentos mais controversos da carreira do diretor indo-americano. Cinética Podcast é um programa disponível em diversas plataformas e agregadores de podcast. Ouça no seu tocador favorito a partir do seguinte link: https://anchor.fm/cinetica-podcast/… CONTINUA

A revolução será televisionada?

O cinema de M. Night Shyamalan é um cinema habitado por mediações. Por mais transparentes e cristalinas sejam suas narrativas – grande herdeiro das regras do classicismo, ele as reconfigura para um viés puramente moderno –, o roteirista e diretor sempre as conduz por elementos exteriores ao seu centro. Desde O Sexto Sentido (1999), não há filme de Shyamalan em que o suposto ponto de partida, na verdade, seja exatamente o cerne do drama, pois pelo caminho surgirá algum elemento de mediação que desviará a… CONTINUA

Monumento ao soldado desconhecido

Um prólogo, uma primeira imagem: o cineasta Jonas Mekas sob luz baixa, conta de sua infância em meio à guerra, quando ganhou sua primeira máquina fotográfica e foi até a estrada captar a chegada de tanques russos. Ele recorda da alegria do momento em que tira sua primeira foto, de sua boa chance. Um soldado russo então se aproxima, toma a câmera, arranca o filme e o pisoteia no chão. “Então, em algum lugar da Lituânia, camadas e camadas e camadas debaixo da superfície, está… CONTINUA

Roma e os limites do visível

Toda imagem nasce sob um desafio: durar além de si mesma. Ir além de sua extensão, de seu presente. Prolongar-se na memória. Não ser relegada ao campo do esquecimento após passar diante do espectador. Transcender sua própria materialidade, sua condição de fato ordinário, em suma. Esse desafio das imagens vem à mente diante de um filme como Roma. Como em outros de Alfonso Cuarón, encontramos aqui uma afirmação da imagem como presente e visibilidade absolutos. Em sua ambição, as imagens de Roma parecem querer tudo… CONTINUA