Bernardet na Berlinda

. 49 Festival de Brasília .  Num texto para a cobertura do Festival de Brasília de 2015 sobre Fome, de Cristiano Burlan, escrevi aqui mesmo na Cinética: “A armadilha (do filme) começa na escolha do próprio Jean-Claude Bernardet para o papel principal de um mendigo. Como fica cada vez mais evidente a cada novo filme protagonizado pelo crítico – entre eles, Filmefobia (2008) e Periscópio (2014), de Kiko Goifman; Pingo D’água (2014), de Taciano Valério; e o citado Hamlet, de Burlan –, nunca um trabalho… CONTINUA

Entre a ideologia e a psicologia

Não sou Ana Cristina César, mas vejo nos filmes de outra A(n)na, a Muylaert, uma ótima oportunidade de “puxarmos significantes”. Durante muito tempo, ainda teremos a discussão sobre Que Horas Ela Volta? (2015) ser um libelo do período de certa utopia distópica vivida pelo Brasil nos últimos 14 anos, ou o registro de uma intrincada composição de seres humanos perplexos e assombrados, em busca de um sentido para a vida. Entre a ideologia e a psicologia, o espectador, ao ser assistido pelo filme, também revela-se.… CONTINUA

Mecânica e pulsação

A silhueta de um mistério No ano passado, Kaili Blues (Lu bian ye can), longa de estreia do jovem diretor chinês Bi Gan, se impôs como uma das mais alardeadas novidades cinematográficas do circuito de festivais. Vencedor do prêmio de melhor direção da seção Cineasti del Presente em Locarno, o filme arrebanhou adjetivos generosos de revistas como Cahiers du Cinéma, Cinema Scope e Film Comment, e foi aclamado pelo crítico J. Hobberman – não exatamente um acadêmico subserviente aos ideais da alta cultura – como… CONTINUA

O país do cinismo

Se o leitor quiser saber como era o Brasil há 30 anos, sugiro que veja filmes. Os anos 80 do século XX foram uma época de intensa criatividade no cinema brasileiro. Também foram tempos de enormes confusões: a Embrafilme engasgava, atolava as produções em burocracias intermináveis e os críticos debatiam-se em discussões que o passar do tempo provou inúteis. Nada disso importa. O que interessa é que os filmes estão lá. Se o cinema não servisse para milhões de outras coisas, ao menos cumpriria função… CONTINUA