A
Ilha da Morte, de Wolney Oliveira (Brasil/Cuba, 2007)
por Francis Vogner dos Reis Con
ternura siempre, pero sin endurecer-se
Wolney
Oliveira se formou em cinema pela Escuela de Cine y TV de San Antonio de los Baños.
Pois com este seu novo longa, A Ilha da Morte, ele filma justamente duas
questões que lhe são muito caras: Cuba e cinema. Wolney conta aqui a história
de Rodolfo, um rapaz que se muda de Havana para a pequena San Juan de las Rocas
porque seu pai, um revolucionário, é perseguido pela polícia do ditador Fulgênio
Batista. No meio tempo, Rodolfo manda cartas para Samuel Goldwin (da Metro Goldwin-Mayer)
pedido uma chance como cineasta. O filme de Wolney equilibra
(ou desequilibra) nostalgia, cinema, descoberta do sexo, da afetividade e da política.
Até ai nenhum problema, é claro – mas também nenhuma novidade. Existe em A
Ilha da Morte um discurso sobre ingenuidade e consciência histórica e social.
A história de Rodolfo falará disso. Ele descobrirá em um filme ingênuo que criou
a importância política das imagens, mesmo que realizadas sem intenção de despertar
qualquer consciência em seu público. Esse é o ponto forte do filme: a beleza do
momento que Rodolfo entende sua responsabilidade de cineasta para além de produzir
imagens que maravilham o público. Só que essa beleza parece querer existir em
uma forma que não lhe é compatível: é uma beleza abstrata, que não toma vida. Mesmo
a beleza sendo mais um ideal do que algo efetivo, não é difícil emocionar-se com
a sequência da projeção do filme que o protagonista fez com seus amigos e as pessoas
da cidade; não é difícil torcer a favor dos revolucionários e contra o capitão
Duarte, policial sanguinário da cidade. O difícil é compreender os personagens
além dessas descrições. No cinema, o personagem precisa “existir” em um espaço
e a câmera só precisa entender essa existência; o cinema é também uma tomada de
posturas, mas elas devem ser expressadas para além do que a história diz sobre
os personagens e os universos propostos. O cinema existe para que vejamos nascer
NELE a política, a afetividade e o tesão, não para que peguemos essas coisas e
façamos do cinema pouco além de uma embalagem de luxo. O que fica de A Ilha
da Morte é uma amostragem de intenções sem resultado estético-narrativo equivalente.
Outubro de 2007
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