Entre festivais e imprevistos por
Cléber Eduardo, Eduardo Valente e Leonardo Mecchi Num
momento do ano em que o circuito de estréias parece particularmente haver tirado
férias, assim como aconteceu com as mostras especiais no mês passado (que
ainda ocupam espaço destacado na revista), agora são os festivais que servem como
o lugar que alimenta nossos interesses e nos guiam neste mês – e nos próximos,
claro. Tudo começa com a cobertura
do Festival de Cannes, que realizamos “ao vivo” pelo quarto ano seguido, e
que marca sempre o aniversário da Cinética, que nasceu em 2006 nesta mesma data
– tendo, portanto, completado agora seu terceiro ano de vida bem vivida. E se
complementa com a primeira ida de um membro da revista como convidado a cobrir
o Cine PE, como foi o caso de Cléber Eduardo
neste ano. Cannes, é claro, tem importância bem para além
de manter o leitor “atualizado”: afinal, são vários destes filmes que circularão
pela própria revista e pelos olhos dos cinéfilos brasileiros no próximo ano, passando
pelos nossos festivais internacionais e, em alguns casos, pelo circuito de cinema
brasileiro. Basta lembrar que foi em Cannes 2008 que descobrimos, por exemplo,
Aquele Querido Mês de Agosto, filme que depois ocupou grande destaque nas
coberturas do Festival do Rio e Mostra de SP, terminando por “fechar” nosso ano
com uma entrevista com o seu diretor,
Miguel Gomes. Quais serão, dentre os filmes vistos em Cannes, aqueles que nos
mobilizarão para muito além dele? Por enquanto, algumas apostas são claras, entre
as esperadas e que já têm até lançamento garantido no Brasil (Tarantino, Resnais,
Suleiman, Corneliu Porumboiu) e aquelas que descobrimos por lá e que provavelmente
dependerão da boa vontade dos selecionadores de festivais para virem ao Brasil
(Axelle Ropert, Alain Guiraudie, Mia Hansen-Love, João Pedro Rodrigues, Pedro
Costa, mesmo Brillante Mendoza...). Da mesma forma, embora
a programação do Cine PE não possa de forma alguma ser comparada a um festival
como Cannes, é interessante notar como pode ser alimentadora a simples presença
num festival de cinema, cercado por tudo aquilo que mobiliza forças e potências
de cinema para além da exibição dos filmes. Na sua cobertura do evento, Cléber
deixa claro que não só os bons filmes dão vazão a textos potentes e necessários
para os críticos (e, esperamos, para os leitores), como também a presença junto
aos realizadores, nos debates e nas mesas de bar, pode fazer antever um cinema
que ainda começa a ser urdido, e de cuja gestação, na melhor das hipóteses, a
crítica pode fazer parte de forma atuante. É por isso tudo que sabemos e fazemos
questão de estar perto e dentro dos festivais no máximo de vezes que seja possível:
porque se os filmes e suas imagens podem ser reveladores em qualquer circunstância,
mesmo no computador do nosso quarto, é destes encontros (com filmes e pessoas)
que são festivais e mostras que nos vem a sempre importante lembrança de que o
cinema, possivelmente mais do que todas as outras, é uma arte que nasce e se mantém
coletiva. * * * Infelizmente, maio não
foi só um mês de alegria e celebração de aniversário e potências de cinema na
revista. Para além do fato de que a cobertura do Cine PE pelo Cléber acabou sendo
bem mais atribulada do que o desejado por conta de motivos de saúde, a revista
teve o desprazer neste mês de conhecer o “lado negro da web”, tendo sido vítima
por duas vezes de ataques de vírus que mantiveram-na fora do ar por algum tempo
(por sorte, não durante o Festival de Cannes, apenas logo antes e logo depois).
Vale esclarecer para o leitor que estes ataques são fatos que estiveram bem além
do nosso controle, e pelos quais pedimos mil desculpas por qualquer inconveniência
que possa ter trazido a vocês. Dentro do nosso esquema quase caseiro de produção,
é sempre complicado lidar com um evento destes, que pede bastante trabalho extra
e conhecimento de causa, mas por sorte pudemos contar com a ajuda de alguns amigos
(com destaque mais que merecido e necessário a André Malheiro, sem o qual não
teríamos voltado ao ar coma rapidez que pudemos, nas duas vezes). Aprendemos sempre
algo a partir destes eventos, e esperamos conseguir evitá-los da melhor maneira
no futuro. Leia também nossos
editoriais anteriores.
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