Nos eixos
por Cléber Eduardo e Eduardo Valente

No editorial do mês passado, falávamos da “parada” da revista ao longo de junho. Depois deste mês de respiro (que, infelizmente, resultou em perdas como a do timing da cobertura do RioFan – festival que encantou por sua curadoria atenta, cuidadosa e ousada, e cujos filmes mereceriam uma atenção que acabamos não conseguindo dar), julho teve ares de retomada aqui na redação. Claro que a nova pilha em Cinética se deve também aos estímulos do cinema, como o lançamento de A Questão Humana, que plantou as sementes de idéias para novos textos. Mas também foram importantes uma série de medidas que pode ser interessante dividir aqui com o leitor. Alguns destes reajustes podem ter parecido pouco notáveis, mas foram muito importantes na nossa dinâmica, a começar pela incorporação à editoria de Leonardo Mecchi, fruto de um processo absolutamente natural de dedicação e participação no projeto que resultará, principalmente, numa maior de troca de idéias e divisão de tarefas – que ajuda a impedir que o eventual comprometimento com outros projetos de um (ou dois) dos editores acabe gerando um vazio produtivo na revista.

Se este importante movimento tem a princípio mais efeitos internos, o leitor já pôde se aproveitar diretamente na sua leitura cotidiana da revista de outro processo começado neste mês de julho: o da reativação de uma série de iniciativas que estavam mais “paradas”. Começamos pela retomada do Plantão do You Tube por Cléber Eduardo que, com leituras sobre materiais tão distintos quanto um trecho do Fantástico ou musicais da TV japonesa, nos indica o quanto essa mistura de arquivo e acesso contemporâneo de audiovisual pode permitir de questionamentos necessários sobre o estatuto das imagens, hoje e ontem, que precisam ser explorados.

Além dele, voltamos nas últimas semanas a ativar seções como a Conexão Crítica; Emulando (com textos de Cezar Migliorin e Luiz Soares Júnior a partir deste outro manancial das imagens típico do nosso tempo); História(s) do Cinema Brasileiro (com Cléber Eduardo encontrando um dos tantos “filmes esquecidos”); Nas Locadoras (que agora conta com o apoio essencial de uma locadora paulistana e outra carioca, dando mais sustentabilidade a esta seção dentro de uma revista mantida por seus próprios meios), além de uma mais efetiva ocupação do nosso sempre importante Bloco de Notas, que teve a participação de seis redatores diferentes em um mês, retomando assim sua importante função de termômetro mais imediato do que anda passando pelos olhos e cabeças dos redatores.

Para o futuro bem breve, o leitor gostará de saber que já estão “no forno” textos que retomam em breve outras seções que andavam um pouco esquecidas como a Cinemateca Cinética, além da atenção que as Olimpíadas certamente deslocarão na redação para o universo da TV. Mas, no movimento que talvez seja o mais importante para nós aqui na revista, agosto será o mês da verdadeira ressurreição da nossa Inter-Seção, espaço de contato direto entre a revista e o meio realizador do audiovisual, que era tão essencial para a própria idéia do que a Cinética queria atingir ao seu criada. Estão em gestação uma série de intervenções para que a seção volte a servir como verdadeiro oxigenador da Cinética.

Se é fato que esta retomada de seções é essencial para que a revista vá retomando aos poucos seu caráter plural, desde sempre pretendido, mais importante ainda foi a volta a nossas páginas de alguns redatores que andaram afastados por vários compromissos. Temos certeza que o leitor aprecia a chance de voltar a ler textos de Cezar Migliorin, Diego Assunção, Fabio Diaz Camarneiro e Lucas Keese em nossas páginas (e esperamos ainda ansiosamente a entrega final das teses de doutorado de André Brasil e Renata Gomes, que os “liberta” de novo para nossas páginas). Para nós editores, este prazer de leitura se une ao desejo da multiplicidade das vozes na revista e à possibilidade de retomar um verdadeiro “espírito de redação”, que permite que redatores que têm aparecido bastante nos últimos meses, como é o caso do Fábio Andrade por exemplo, possam tirar merecidas férias sem que a Cinética diminua seu ritmo.

É assim que esperamos ir não só entrando nos eixos, como principalmente ver, todos juntos (e com o leitor), quais eixos ainda há a descobrir.

Leia também nossos editoriais anteriores.

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