Sem começos ou finais
por Cléber Eduardo e Eduardo Valente

Costuma-se dizer que o ano começa após o Carnaval. Assim, fevereiro seria um mês de transição, durante o qual, deixando o ano passado no passado, olha-se para o futuro do ano em curso. Pois aqui na Cinética, embora o ano novo tenha começado com seu planejamento ainda no anterior, o pós-Carnaval, além de manter a sintonia com o "agora" e o "futuro" do cinema, também retorna a 2007 – na tentativa de pensar para frente e com perspectiva mais ampla.

E também pensar um mesmo filme, um mesmo diretor, uma mesma programação e um mesmo momento histórico, se não por olhares em choque, ao menos por enfoques distintos, de modo a ampliarmos estímulos e visões. Acreditamos que um assunto não se esgota com um único texto em Cinética. Isso ajuda a explicar porque um novo artigo sobre a Mostra de Tiradentes, com um olhar questionador em sua adesão a proposta e aos resultados da programação; assim como explica o necessário retorno a Tropa de Elite, após o Urso de Ouro em Berlim – afinal, sabemos que uma premiação como esta sempre coloca um filme em outro contexto. Diferentes interesses e aproximações também se manifestam nos artigos que dão continuação à nossa série Retrospectiva 2007, cuja novo capítulo volta-se completamente para o cinema brasileiro, o campo de interesses mais forte dessa atualização.

A diferença complementar e não-excludente, noção com a qual trabalhamos na revista, será visível ainda em futuras pautas já em preparação, com artigos diferentes em torno de um mesmo diretor, assim como sobre filmes específicos. O cineasta é europeu. Os filmes, americanos, colados a seus tempos, a suas sociedades, a um zeitgeist. Poderemos melhor perceber, a partir dessa pauta e de outras a vir, como alguns filmes, ou/e seus diretores, são acolhidos ou problematizados por diferentes críticos da redação, como estimulam adesão ou questionamento, como despertam independentes maneiras de se relacionar com o cinema. O ano já começou, está começando e sempre vai começar. Porque nada começa e termina na Cinética: tudo está em andamento

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