Missão cumprida - mas a missão é comprida
por Cléber Eduardo e Eduardo Valente

Se tomada como exemplo a cobertura da Mostra de SP do ano passado, em que os dois editores que acima assinam este editorial foram responsáveis por boa parte da cobertura aqui na revista, os prognósticos seriam os piores para 2007: afinal, em plena Mostra, Cléber Eduardo já estava indo e voltando de Belo Horizonte, onde fez a curadoria da Mostra CineBH; enquanto Eduardo Valente também só pôde acompanhar seis dias das três semanas de filmes (com a repescagem), porque começava a pré-produção do longa-metragem que filma em janeiro e fevereiro próximos.

Mas, o leitor nem sentiu esta "falta", esta mudança, porque hoje, um ano e meio depois do começo dos trabalhos, já podemos falar que há um "corpo de redação" na revista em pleno funcionamento. E para nós editores (e, afinal, o editorial é o nosso espaço) essa foi a grande notícia deste mês: o fato de que, na nossa quase ausência, a revista caminhou com seus próprios pés neste dia a dia fatigante de uma cobertura, e chegou ao fim do trabalho tendo analisado um acachapante total de mais de 100 filmes da programação do evento paulista. Nem em nossos maiores sonhos, talvez, imaginávamos que isso fosse ser possível.

Finalizada, então, a "temporada dos festivais", com a exaustiva cobertura diária que efetivamente nos ocupa por quase dois meses de trabalho entre as primeiras cabines do Festival do Rio e a repescagem da Mostra de São Paulo, é momento de descansar um pouco, não? Não na Cinética - pelo menos não em 2007, com certeza. Primeiro de tudo, porque é hora de refletir com um pouco mais de tempo, mas ainda no calor da hora, sobre o que nos ficou desta temporada de tantos filmes. Por isso, na semana que vem vamos publicar uma série de artigos dos redatores que acompanharam mais de perto os festivais, tentando destacar aspectos dos filmes que mais ficaram com eles depois desta experiência catártica de intenso mergulho no cinema mundial (e brasileiro) atual.

Mas o mundo do cinema não se resume ao Festival do Rio e à Mostra: por um lado, já está Cléber Eduardo em Brasília, cobrindo diariamente o festival mais importante entre aqueles que exibem apenas filmes brasileiros; por outro, lá está o circuito de filmes em cartaz com uma série de filmes de interesse entre os que estrearam durantes os festivais e aos quais pudemos dar pouca atenção antes (como é o caso de Superbad) e as novas estréias (destaque absoluto para Os Donos da Noite).

E, no entanto, não é só isso, porque o mundo do cinema para Cinética não se resume à sua própria realização como revista: se Eduardo Valente está cada vez mais tomado pela realização do seu filme, ao mesmo tempo temos Felipe Bragança na França correndo atrás de co-produtores internacionais para o seu longa (a ser filmado em março próximo); temos três redatores absolutamente mergulhados na finalização de suas teses de doutorado; e finalmente, temos Cléber Eduardo já completamente absorto (mesmo em Brasília) pelas responsabilidades da curadoria da Mostra de Tiradentes, que vem aí logo em janeiro.

Tudo isso é de interesse do leitor da revista a partir do momento em que tudo isso, de uma forma ou de outra, também faz a revista, também é a revista. Porque ela sempre surgiu com a idéia de que o cinema, e o exercício crítico, são múltiplos, e os "campos de batalha" se multiplicam com uma mesma missão na cabeça. Que as "tropas" cinéticas consigam continuar achando a energia para dar conta deles todos, e que o leitor continue nos acompanhando e dando força na longa campanha que vem pela frente. Avante!


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