A Copa do Mundo é nossa
por Cléber Eduardo, Eduardo Valente
e Felipe Bragança
Dar à luz uma revista não é tarefa fácil, e foi
a ela que nos dedicamos nos últimos meses, indo das primeiras
idéias sobre o que seria o site, até a discussão do nome da revista
– que registramos e disponibilizamos agora na estréia da seção
Diário da Redação. Lutando para
dar ao nosso leitor, já de saída, uma visão a mais abrangente
possível dos horizontes buscados em CINÉTICA, os esforços de todos
os redatores e editores foi voltado para compor, no máximo das
nossas forças, um material para a entrada no ar – pressionados
ainda pelo prazo de estarmos a postos para cobrir o Festival de
Cannes. Cumpridas as duas primeiras missões (revista criada, festival
coberto), deu-se o tempo para finalmente assentarmos e começar
o esforço de entender, nós mesmos, a revista que idealizamos e
a que criamos. Esta é a próxima missão: adequar a primeira à segunda,
processo constante e infinito no qual nada se perde, tudo se transforma,
uma vez que sempre nos dispomos a repensar a revista a partir
da experiência, mantendo-a constantemente em movimento.
Este movimento precisa ser gerado de todas as
partes: primeiro, da nossa – e para isso estamos colocando em
ação uma metodologia de atualizações mais perceptíveis para o
leitor, criando tanto uma sistemática (atualizações sempre semanais
do conteúdo) quanto uma visualização mais direta do que é o conteúdo
mais recente do site. Mas, também esperamos o movimento que virá
do outro lado, de quem lê. Neste sentido, começamos a publicar
as primeiras cartas dos leitores que recebemos, esperando que
isso sirva como incentivo para recebermos mais e mais delas. E,
também, procuramos reforçar as maneiras de contato com o meio
produtor audiovisual, experimentando uma série nova de formatos
de troca, como na correspondência direta leitor-realizador via
Guilherme Coelho e finalmente com mais e mais contatos com a produção,
numa série de artigos que surgirão com freqüência cada vez maior
em Inter-seção.
É esta a CINÉTICA que desejamos: sempre inquieta
com relação ao audiovisual, mas, acima de tudo, consigo mesma.
* * *
Era incontestável: na redação da CINÉTICA, como
de resto no mundo todo, a Copa do Mundo é o foco principal das
atenções – e não poderia ser diferente, sendo os três editores
fanáticos pelo “velho esporte bretão”. Por isso mesmo, se é nossa
intenção fazer um site que reproduza fielmente nossos próprios
movimentos perceptivos, parecia completamente inadequado não permitir
que ele reproduzisse essa dinâmica interna que coloca o campeonato
mundial de futebol no centro nervoso da nossa atividade crítica
e criativa.
Já que temos consciência que este não é
um site de esportes ou análises futebolísticas, precisamos deixar
as manifestações desta ordem para outros espaços mais adequados,
sejam eles do tipo etílico ou mesmo na palavra escrita. Porém,
como a Copa do Mundo é hoje, mais do que tudo, um espetáculo do
audiovisual, este aspecto é que nos interessa explorar aqui em
CINÉTICA. Traçar paralelos entre a linguagem da transmissão de
futebol e a do cinema clássico, ir procurar os outros espaços
por onde o futebol se escoa hoje em dia (cinema, videogame), questionar
os meios de cobertura de um evento onipresente e cheio de discursos
múltiplos: estas são algumas das coisas que tentaremos fazer ao
longo deste mês aqui na revista. E esperamos conseguir dar conta
disso nos poucos minutos que nos sobram em cada dia, entre assistir
os jogos (e todas as mesas-redondas, claro).
editoria@revistacinetica.com.br
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