Revista Cinética Cultura e Pensamento
Biopolíticas do cérebro
Francisco Ortega Indicações

O  trabalho da artista plástica britânica Susan Aldworth com  imagens do cérebro representa um engajamento com questões fundamentais de nosso regimem biopolítico contemporâneo. As suas obras questionam a promessa de transparência e acesso visual imediato ao cérebro, tentando dar uma resposta à pesquisa dos neurocientistas e psicólogos cognitivos que usam neuroimagem para explorar a relação entre estruturas físicas e funções mentais, as implicações éticas de localizar a identidade no cérebro, entre outros. Aldworth problematiza o que a cultura popular assume como premissa quando fala do cérebro, isto é, a localização da identidade pessoal no cérebro, o sujeito cerebral. Obras como “Cogito ergo sum” nos obrigam a refletir acerca do que estamos vendo quando olhamos para uma imagem do cérebro. Num texto incluído dentro de um de seus trabalhos podemos ler “Você pode olhar no meu cérebro mas nunca me encontrará” e em outro aparece, “Estou tanto dentro de minha cabeça como fora do meu cérebro”.

Francisco Ortega é doutor em Filosofia pela Universidade de Bielefeld (Alemanha), professor adjunto do Instituto de Medicina Social da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e pesquisador do CNPq. Autor de diversos livros e artigos, entre eles, O corpo incerto: corporeidade, tecnologias médicas e cultura contemporânea, Rio de Janeiro: Garamond, 2008.