cartas dos leitores
Sobre Ariel (Festival de Curtas de SP)

Caro Cléber,

Acabei de ler tua crítica sobre o festival e sobre Ariel. Grande crítica. Muito lúcida e ao mesmo tempo muito corajosa, forte, sensível, direto ao ponto. Acho que pegaste nuns pontos chave e fizeste grandes perguntas: sobre o limiar da ética – não muito claro para mim, também.
Parabéns pelo texto e as idéias, que vão me deixar pensando um bom tempo. Se quiser, me passa teu endereço que te envio uma cópia do filme.

Atenciosamente
Mauro Baptista
* * *

Mauro

É com enorme prazer e emoção que li sua reação ao meu artigo sobre o Festival de Curtas. Ainda mais por nesse artigo eu abordar, muito de passagem, minha relação com seu curta Ariel, que tanto me dividiu como me interessou muito. A menção ao curta tenta expressar essa divisão e esse interesse. Se te fez pensar no filme, se te colocou algumas dúvidas, acho que o resultado foi exitoso, porque, quando pensamos em criar a Cinética, essa comunicação com os realizadores, sem dúvida, era uma de nossas maiores metas.

Não temos a intenção de ficar batendo o martelo, do alto de nossa autoproclamada autoridade, decidindo qual filme deve ser canonizado e qual deve ser enterrado – embora, mesmo com toda vigilância, isso possa acontecer aqui e ali. Nossa maior proposta, porém, é primeiro aceitar as propostas, depois colocá-las em crise, não sem nos colocarmos em crise dentro delas, com elas, junto delas, sem ficar emitindo juízos com superioridade. Acredito que, pela sua reação, você entendeu o espírito: crueldade com generosidade, ou vice-versa.

Que outros textos venham a te provocar novas reflexões. É essa a crítica que acreditamos e tentamos fazer, uma crítica que proponha análises, olhares, sem necessariamente chegar a conclusões definitivas.

Grato pela atenção
Cléber Eduardo



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